FIV e FeLV dos Gatos. Como Prevenir?
Os gatos são animais de companhia muito fáceis de ter em casa, pois não precisam
de ir à rua. São extremamente asseados. Lavam-se várias vezes ao dia, pelo que não
necessitam de banho. Se forem esterilizados antes de fazer cio, nunca marcam
território. Quando habituados, são muito meigos e excelentes companheiros.
Contudo, muitos donos gostam de deixá-los ir à rua por pensarem que é mais
saudável. Na rua, os animais contactam com outros gatos, contraindo as mais
variadas doenças, quer por contacto directo, quer através de lutas.
Neste artigo vamos falar de duas das mais graves doenças infecciosas dos gatos, que
são contraídas na rua e que se revelam, muitas vezes, fatais.
Saiba mais
Vírus da Imunodeficiência Felina (FIV) e de Leucose Felina (FeLV) em Gatos
As infecções pelos vírus da imunodeficiência felina e vírus da leucose felina são a
maior causa de morte em gatos.
Que tipo de vírus são?
O FIV e o FeLV são ambos vírus do tipo retrovírus. São da mesma família do vírus da
imunodeficiência humana (HIV). Atacam o sistema imune ficando o gato incapaz de
lutar contra várias infecções e cancros.
Os retrovírus são específicos para cada espécie. Isto é, os retrovírus do FIV e FeLV só
infectam gatos, assim como o HIV só infecta humanos.
São vírus frágeis, facilmente inactivados por luz ultravioleta, calor, detergentes e
secura.
Estes vírus não se transmitem ao Homem nem a outros animais para além dos gatos!!!
Como se transmite?
Ambos os vírus são contagiosos e disseminam-se de gato para gato, estando provado
que cerca de 15% dos gatos doentes estão infectados por estes vírus. Mas mesmo
gatos saudáveis podem transmitir estes vírus se forem portadores, pois podem não
apresentar sinais de doença durante semanas, meses e mesmo anos após o contágio
com FIV ou FeLV.
Um gato contrai FIV quando é mordido por outro gato portador. Raramente uma gata
infectada contagia os gatinhos, embora também possa ser transmitido in útero ou
através do leite materno se as gatas forem infectadas durante a gestação ou
amamentação.
O FeLV é transmitido através da saliva, secreções nasais e urina dos gatos
portadores, podendo um gato saudável ser infectado por lamber um gato portador,
partilhar comida, água ou caixa de litter (casa de banho). Os gatinhos que nascem de
gatas infectadas também podem estar infectados.
Quais são os efeitos? Afectam os gatos de forma semelhante por interferir com a capacidade do sistema
imune para combater infecções. As bactérias, os vírus, os fungos e os protozoários
encontrados diariamente no ambiente dos gatos, que usualmente não afectam gatos
saudáveis, podem causar doenças severas em gatos portadores de FIV e FeLV.
Também é muito comum o aparecimento de vários tipos de cancro e doenças do
sangue em gatos infectados por estes vírus.
Sinais de provável infecção
Os sinais precoces de infecção são muito suaves e frequentemente observados em
gatos que apenas não se sentem bem. Estes sinais incluem:
- Diminuição de apetite e consequente perda de peso;
- Diminuição de “limpeza” do próprio gato;
- Diminuição de energia.
Gatos infectados por FIV/FelV em estado mais avançado podem apresentar, além dos
sintomas inespecíficos atrás referidos:
Infecções orais: crónicas, estão presentes em cerca de 50% dos gatos infectados.
Apresentam dor à palpação da face, dificuldade e mesmo recusa a comer e mau hálito
(halitose)
Doença respiratória: Cerca de 30% dos gatos infectados têm doença respiratória
crónica do trato superior com espirros e descargas nasais. Alguns gatos desenvolvem
pneumonia com tosse e dificuldade respiratória (dispneia).
Doença do olho: Olhos avermelhados, com ramela e opacidades da córnea.
Doenças gastrointestinais: Diarreia crónica devido a cancro, infecções bacterianas,
infestações por parasitas ou apenas pelo FIV.
Infecções da pele e ouvidos: Infecções recorrentes de pele podem ser o primeiro
sinal de FIV. Devido à imunodeficiência, desenvolvem-se parasitas, fungos e bactérias
que provocam queda de pêlo, prurido e pústulas.
Doença neurológica: Alterações do comportamento e demência podem surgir devido
ao próprio FIV ou a parasitas (Toxoplasmose) ou fungos (Cryptococcos).
Linfoadenopatia: Aumento dos linfonodos no abdómen e outra partes do corpo.
Anemia: Geralmente provocada por Mycoplasma haemofelis (Haemobartonella) que
parasita os glóbulos vermelhos.
Neoplasias: Os gatos infectados com FIV são cinco vezes mais susceptíveis a
contrair linfoma e leucemia do que os gatos não infectados.
Recomenda-se que fale com o seu veterinário sobre como testar o seu gato para estes
vírus, principalmente se esteve ou está em risco de infecção com FIV ou FeLV.
Etapas da infecção
A infecção por FIV tem 3 fases:1) Fase inicial ou aguda, caracterizada por febre, aumento dos gânglios linfáticos e
uma susceptibilidade a infecções intestinais e cutâneas. Surge 4-6 semanas após a
exposição ao vírus;
2) Fase latente ou subclínica na qual não se observam sinais de doença. Pode durar
vários anos, com uma lenta destruição do sistema imune;
3) Fase final, que aparece em gatos dos 5-12 anos de idade. Nesta fase os gatos já
têm o sistema imune destruído, apresentando várias infecções crónicas causadas por
agentes (bactérias, fungos ou parasitas) que não afectam de forma severa os gatos
não infectados por estes vírus. São chamadas infecções oportunistas.
A infecção por FeLV tem 2 fases:
1) Fase inicial que corresponde ao contágio propriamente dito e em que os gatos
podem combater a infecção se tiverem um sistema imune eficaz, não passando à fase
secundária;
2) Fase secundária que corresponde a uma fase tardia de infecção persistente da
medula vermelha dos ossos (onde são produzidas as células sanguíneas) e outros
tecidos. Se a infecção passa a este estágio já não há retorno, e os gatos ficam
infectados para o resto da vida.
O que indicam as análises?
Nos gatos com FIV/FeLV, as análises bioquímicas estão geralmente dentro dos
valores normais. Por vezes, existe anemia e uma diminuição do número de células
brancas do sangue.
Como é diagnosticada a infecção por FIV/FeLV?
A infecção por FIV é diagnosticada através de testes que detectam anticorpos
(defesas produzidas pelo sistema imune) do gato contra o vírus. Estes anticorpos
começam a ser produzidos 3 a 6 semanas depois da infecção pelo vírus. Contudo, só
a partir das 8 a 12 semanas é que atingem valores detectáveis pelos testes. Por isso,
após uma provável infecção ou gatos recém adquiridos da rua convém repetir o teste 8
a 12 semanas depois.
Os gatinhos também podem dar testes positivos por terem anticorpos (defesas)
transmitidas pela mãe. Assim, os gatos testados antes dos 6 meses de idade, devem
repetir o teste depois dos 6 meses. Nunca esquecer que os gatos infectados com FIV
podem viver vários anos sem apresentar sintomas.
Já a infecção por FeLV é diagnosticada também por testes mas que detectam uma
proteína do vírus em vez dos anticorpos produzidos.
Como se tratam as infecções?
Para proporcionar uns bons cuidados de saúde e tratamento o veterinário tem que
saber se o gato está ou não infectado com FIV/FeLV.
Gatos positivos a estes vírus devem ser mantidos dentro de casa tanto para os
proteger de contrair outras doenças como para não infectarem outros gatos. Situações
de stress devem também ser evitadas pois os gatos podem ficar deprimidos e
surgirem problemas de saúde. Devem ser esterilizados e ter uma alimentação
equilibrada. Estes gatos infectados têm que ser tratados consoante os sintomas que apresentarem
pois não existe ainda nenhum tratamento eficaz para tratar a doença em si.
Prevenção e Controle da infecção
A única forma de conseguir controlar estas doenças é testar e identificar os gatos
positivos. Os gatos positivos devem ser separados dos gatos não infectados. Embora
no caso do FIV, a infecção geralmente se transmita através de mordedura, os gatos
que estiverem em fases terminais de doença devem ficar completamente isolados,
pois eliminam uma grande quantidade de vírus pela saliva.
Para garantir que um gato saudável não é infectado com FIV/FeLV, nunca deve andar
na rua (se andar sempre acompanhado pelo dono e de trela) nem ser exposto a gatos
infectados ou em estado de infecção desconhecido.
Gatos não infectados por FeLV e que possam ser expostos à infecção devem ser
vacinados contra o FeLV.
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