quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

SÍNDROME CÓLICA

A Síndrome Cólica ou abdômen agudo é um quadro de dor abdominal, que
pode envolver qualquer órgão da cavidade abdominal. É uma das maiores causas
de óbito na espécie eqüina (Thomassian, 1990). Os distúrbios podem ser gástricos
ou intestinais, obstrutivos ou não, com ou sem estrangulamento vascular (White II,
1987).
 O cavalo apresenta peculiaridades anatômicas e fisiológicas do aparelho
digestório. Goloubeff (1993) relacionou as características da anatomia digestiva do
cavalo, como a incapacidade de vomitar, um mesentério muito desenvolvido que
predispõe o longo intestino delgado às ectopias e vôlvulos, o grande diâmetro do
cólon maior e suas curvaturas que são favoráveis as impactações. Eqüinos
selvagens pastam 60% do tempo e os estabulados comem somente 15% do tempo, isto demonstra um grave desvio na fisiologia no eqüino estabulado. Os
fatores estressantes como a permanência em condições de explicita privação de
liberdade, produzem desconforto, sofrimento e dor.
 Existem vários fatores de risco que contribuem para o desenvolvimento da
doença. Austin (2001) e Hillyer et al. (2002) citaram a diminuição ou variações no
nível de atividade física, alterações súbitas na dieta, alterações nas condições de
estabulação, uma alimentação rica em concentrados, um volumoso ou ração de
má qualidade, consumo excessivamente rápido da ração, privação de água e até
mesmo o transporte em viagens. O eqüino é mais exigente e sensível às
alterações de manejo alimentar e ambiental.
2 - DESENVOLVIMENTO
2.1 Classificação das cólicas
Dentre os muitos sintomas de cólica, incluem se o cavalo deitar e levantar
repetidas vezes, ele ficar rolando, deitado de costas, ou ainda, numa posição de
"cachorro sentado".Há muitas causas para a cólica, porém a maioria delas pode
ser encaixada em três tipos.
I - Disfunção intestinal - esta é a causa mais freqüente, significando
simplesmente que os intestinos do cavalo não estão funcionando adequadamente.
Ela inclui ocorrências tais como distensão gasosa, impactação, espasmos e
paralisia intestinal.
II - Acidentes intestinais - estes ocorrem com menos freqüência e incluem
deslocamentos, torções e hérnias, quando seções do intestino ficam
enclausuradas, ou estranguladas em cavidades do corpo. Estes casos quase
sempre requerem cirurgia de emergência.
III - Enterites ou ulcerações - estas cólicas estão relacionadas a
inflamações, infecções e lesões do aparelho digestivo. Elas podem ser causadas por diversos fatores, tais como stress, doenças, salmonelose ou parasitismo.
2.2 Prevenção da cólica
  Certas medidas preventivas podem ser tomadas para evitar a ocorrência
de cólicas. Estudos feitos em laboratórios, hospitais e clínicas veterinárias de
cavalos, determinam se e até que ponto os fatores de manejo influenciam o
surgimento da cólica. Dados técnicos e clínicos foram analisados para comprovar
a veracidade da questão cólica.
O manejo de cocheira e manejo sanitário de cada animal induzem a
possibilidade de ocorrência de cólica em cada animal. As diversas situações
avaliadas incluíram, a logística do ambiente, condições de estabulagem, manejo
alimentar, cuidados veterinários e dentários, e transporte (viagens), bem como
outras alterações de alimentação e/ou atividade. Descobriu se que três fatores de
manejo influenciam a ocorrência de cólica. Alterações na alimentação parecem
aumentar significativamente as possibilidades da afecção. Cavalos que forem
submetidos ao novo tipo de manejo, tal como uma mudança de local, também tem
maior probabilidade de serem acometidos por cólica. Além disso, também
alterações no treinamento tendem a induzir a possibilidade do surgimento de
cólica.
Cuidados dentários, vermifugação e vacinação, também devem ser
observadas, pois podem estar associados  à ocorrência de cólicas. Classificação
das seguintes condições predisponentes a cólicas:
Alimentação - tipo, qualidade, quantidade, freqüência e mudanças.Conforme
citado acima, todo tipo de alteração alimentar é a causa isolada mais comum de
cólicas.Dentes - mudas, pontas dentárias, arrasamento, má oclusão,
cáries.Alterações patológicas dos dentes podem predispor à cólica, devido à
deficiência da mastigação e conseqüentes alterações digestivas.Ingestão de água
- à vontade ou não, qualidade, quantidade e temperatura.Principalmente a faltad'água, mas também o fornecimento concentrado dela em determinados horários,
bem como a água fria demais, além da água contaminada ou poluída, pode causar
cólica.Indigestão por areia ('sablose')  - geralmente secundária a alterações no
trânsito intestinal, ou ingestão acidental de areia na água ou no pasto.Presença de
areia no intestino, que pode ser ingerida com o alimento ou com a água.Vasos
mesentéricos - lesões verminóticas.Especialmente em potros, as verminoses são
responsáveis por parte das afecções de cólica, obstruindo o intestino ou os vasos
sangüíneos; que o alimentam. Gastropatias  - gastrites, úlceras e parasitas.
Causas secundárias a processos dolorosos  fora do trato gastrointestinal (rins e
fígado).A palatite exagerada conhecida popularmente como “travagem”.
Abortamentos, parto prematuro e torções uterinas. Hemoparasitoses
(babesiose).Componente doloroso retal - proctites e lacerações.Alterações do
intestino grosso podem levar à cólica através das cãibras e espasmos produzidos
por estas lesões. Iatrogênese (indevidamente causadas pelo profissional
veterinário).
Algumas drogas parassimpaticomiméticas, dadas em excesso ou em
momento incorreto, podem provocar sintomas de cólica.Presença de enterólitos -
relacionados ao tipo de alimentação.
O acúmulo solidificado de restos alimentares, às vezes estimulados por um
irritante mecânico, pode gerar as "pedras intestinais", que acabam causando,
mecanicamente, sintomas de cólica, relacionados a seu peso ou à obstrução
intestinal que provocam.
 Segundo Goloubeff (1993), Carter (1987) e Hillyer et al. (2002), a qualidade
da ração, a alimentação em refeições intercaladas, a baixa ingestão de volumoso
associada a fatores com o stress e as alterações de comportamento provocadas
pelo confinamento podem influenciar na fisiologia e funcionamento do aparelho
digestivo do eqüino.O intestino do cavalo é anatomicamente predisposto aos
deslocamentos (Hackett, 1987; Snyder & Spier, 1990). Segundo Jones et al. (2000) fatores como o tipo de alimentação, forragens
grosseiras, exercício limitado, desidratação e privação de água podem predispor a
desidratação do bolo fecal e levar impactação. A distensão primária do estômago
geralmente é causada por sobrecarga  de grãos ou por gases produzidos por
alimentos fermentáveis, e ocorre em aproximadamente 10% dos casos (Carter,
1987).
3 – CONCLUSÃO
A ocorrência de abdômen agudo eqüino está relacionado com as alterações
na fisiologia digestiva do cavalo e também com o manejo alimentar a que são
submetidos. As maiorias dos casos são  de origem gástrica. Ao estudarmos as
causas da cólica por distensão observamos que há fatores associados ao
confinamento que possam estar influenciados no comportamento e digestão dos
animais.
4 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARTER, G. K. Gastric diseases. In: ROBINSON, N. E.  Current Therapy in
Equine Medicine 2. W B Saunders Company, p. 41, 1987.
GOLOUBEFF B. Abdome Agudo Eqüíno. Varela: São Paulo, 1993, 173 p.
HACKETT, R. P. Colonic volvulos and  intussusceptions. In: ROBINSON, N. E.
Current Therapy in Equine Medicine 2. W B Saunders Company, p. 66-68, 1987.
HACKETT, R. P. Nonstrangulated colonic displacement in horses. J. Am. Med.
Assoc., v. 182, p. 235-240, 1983.
HILLYER, M. H. et al. Case control study to identify risk factors por simple colonic
obstruction and distention colonic in horses. Equine Veterinary Journal. v. 34, n.
5, p. 455-463, 2002.

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